Nívia Negreiros Penedo

Nívia Negreiros Penedo

Gestão inovadora da escola com tecnologias



José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância
Texto publicado em VIEIRA, Alexandre (org.). Gestão educacional e tecnologia.
São Paulo, Avercamp, 2003. Páginas 151-164.
Introdução
Tecnologias na gestão escolar
Programas integrados de gestão administrativo-pedagógica
Gestão administrativa
Gestão pedagógica
Pedagogia da gestão pedagógica
Introdução
As condições de gerenciamento da muitas das escolas públicas são precárias. Infra-estrutura deficiente, professores mal preparados, classes barulhentas. É difícil falar em gestão inovadora nessas condições. Mesmo reconhecendo essa dificuldade organizacional estrutural, a competência de um diretor de escola pode suprir boa parte das deficiências. Conheço alguns diretores notáveis na sua capacidade de liderar, de motivar, de encontrar soluções para driblar o orçamento precário. Em uma escola pública da periferia de São Paulo um diretor manteve nos últimos anos a mesma equipe de professores e funcionários, problema de difícil solução nas escolas – a grande mudança de professores de um ano para outro. Você sentia no contato com a equipe que havia liberdade, confiança e amizade. O incentivo do gestor para que os professores aprendessem, se aperfeiçoassem, inovassem era constante. O diretor procurava apoio econômico em pequenas empresas vizinhas à escola. Organizava festas com a Associação de Pais para arrecadar fundos para manter os computadores, a Internet, para melhorar a infra-estrutura. A escola estava aberta à comunidade com atividades de lazer e de aperfeiçoamento. [1]
Assim como em escolas com problemas sérios encontramos professores que conseguem comunicar-se de forma significativa com seus alunos e ajudá-los a aprender, também há gestores que superam as limitações organizacionais e contribuem para transformar a escola em um espaço criador, em uma comunidade de aprendizagem utilizando as tecnologias possíveis.
Tecnologias na gestão escolar
Quando falamos em tecnologias costumamos pensar imediatamente em computadores, vídeo, softwares e Internet. Sem dúvida são as mais visíveis e que influenciam profundamente os rumos da educação. Vamos falar delas a seguir. Mas antes gostaria de lembrar que o conceito de tecnologia é muito mais abrangente. Tecnologias são os meios, os apoios, as ferramentas que utilizamos para que os alunos aprendam. A forma como os organizamos em grupos, em salas, em outros espaços isso também é tecnologia. O giz que escreve na louça é tecnologia de comunicação e uma boa organização da escrita facilita e muito a aprendizagem. A forma de olhar, de gesticular, de falar com os outros isso também é tecnologia. O livro, a revista e o jornal são tecnologias fundamentais para a gestão e para a aprendizagem e ainda não sabemos utilizá-las adequadamente. O gravador, o retroprojetor, a televisão, o vídeo também são tecnologias importantes e também muito mal utilizadas, em geral.
Quando uma escola pobre diz que não tem tecnologias isso é, em parte correto, porque sempre estamos utilizando inúmeras tecnologias de informação e de comunicação, mais ou menos sofisticadas. Na escola combinamos tecnologias presenciais (que facilitam a pesquisa e a comunicação estando fisicamente juntos) e virtuais (que, mesmo estando distantes fisicamente, nos permitem acessar informações e nos mantêm juntos de uma outra forma).
Agora vamos falar das tecnologias de gestão administrativa e pedagógica, principalmente através do computador e da Internet.

Programas integrados de gestão administrativo-pedagógica
Um diretor, um coordenador tem nas tecnologias, hoje, um apoio indispensável ao gerenciamento das atividades administrativas e pedagógicas. O computador começou a ser utilizado antes na secretaria do que na sala de aula. Neste momento há um esforço grande para que esteja em todos os ambientes e de forma cada vez mais integrada. Não se pode separar o administrativo e o pedagógico: ambos são necessários.
Numa primeira etapa privilegiou-se o uso do computador para tarefas administrativas: cadastro de alunos, folha de pagamento. Depois, os computadores começaram a ser instalados em um laboratório e se criaram algumas atividades em disciplinas isoladas, em implementação de projetos. As redes administrativa e pedagógica, nesta primeira etapa, estiveram separadas e ainda continuam funcionando em paralelo em muitas escolas. Encontramo-nos, neste momento, no começo da integração do administrativo e do pedagógico do ponto de vista tecnológico.
Existem no mercado programas de gestão tecnológica que têm como princípio integrar todas as informações que dizem respeito à escola. Eles possuem um banco de dados com todas as informações dos alunos, famílias, professores, funcionários, fornecedores e, do ponto de vista pedagógico, bancos de informações para as aulas, para as atividades de professores, dos alunos, bibliotecas virtuais, etc. Todo esse conjunto de informações costuma circular primeiro numa rede interna, chamada Intranet, à qual alunos, professores e pais podem ter acesso, em diversos níveis, por meio de senhas. Num segundo momento, a Intranet se conecta com a Internet, abre-se para o mundo através de uma página WEB, uma página na Internet, que tem como finalidade imediata a divulgação da escola - marketing -, e como finalidade principal, facilitar a comunicação entre todos os participantes da comunidade escolar.

Gestão administrativa
Os principais colégios e universidades do Brasil utilizam esses programas integrados de gestão. Diminuem a circulação de papéis, formulários, ofícios, tão comuns nas escolas públicas e convertem todas as informações em arquivos digitais que vão sendo catalogados, organizados em pastas eletrônicas por assunto, assim como o fazemos na secretaria, só que ficam armazenados num computador principal, chamado servidor.[2]
A inscrição dos alunos é feita via computador. O cadastro do aluno e da sua família pode ser atualizado a qualquer momento. O programa gera o número de matrícula do aluno, se for paga, emite um boleto para pagamento no banco ou pela Internet. Emite boletins dos alunos com as notas ou conceitos e observações. Em outro diretório, tem o cadastro dos professores, com todos os dados relevantes de cada um organizado em pastas eletrônicas, que podem ser atualizadas a qualquer momento. Pode-se avançar, numa segunda etapa, para automatização do controle da freqüência de alunos e professores, principalmente nas grandes cidades, nas escolas com número grande de classes: o programa registra num cartão magnético a entrada e saída de alunos e professores através de catracas eletrônicas. Alguns colégios particulares e universidades têm, em lugar do cartão eletrônico, um controle chamado biométrico, que registra e confere as digitais do dedo polegar de cada membro da escola. O próximo passo, adotado por alguns bancos, é o do controle através do nosso olhar, da íris dos nossos olhos. Mas isso chegará às escolas dentro de alguns anos, quando for mais barato.
Há uma outra área importante de informatização, do ponto de vista administrativo, que é o controle financeiro, de entradas e saídas de dinheiro: receita e despesa. O programa integra também todas as despesas e permite fazer projeções sobre o tempo que levará para equilibrar receita e despesa, se vai haver déficit ou superávit. Permite também que professores e funcionários possam fazer seus pedidos de materiais: livros, cadernos, software... on-line, isto é, diretamente pela rede, através do computador.

Gestão pedagógica
O administrativo está a serviço do pedagógico e ambos têm de estar integrados, de forma que as informações circulem facilmente – com as restrições de acesso necessárias –, para visualizar qualquer informação que precisarmos checar ou para fazer previsões necessárias.
Nos últimos anos tem aumentado muito a quantidade e tem havido também grandes avanços na qualidade das informações disponíveis on-line para a comunidade escolar e para o público em geral. Os grandes colégios estão se transformando em verdadeiros portais de informação, com áreas dedicadas aos professores, outras aos alunos, aos pais e ao público em geral.
A Internet é um espaço virtual de comunicação e de divulgação. Hoje é necessário que cada escola mostre sua cara para a sociedade, que diga o que está fazendo, os projetos que desenvolve, a filosofia pedagógica que segue, as atribuições e responsabilidades de cada um dentro da escola. É a divulgação para a sociedade toda. É uma informação aberta, com possibilidade de acesso para todos em torno de informações gerais.
Há um segundo nível de comunicação do colégio pela Internet, que é com a comunidade local: com as famílias dos alunos, com as associações, empresas, grupos organizados, igrejas e outras instituições que estejam localizadas perto da escola. Cada vez é mais importante que a escola se integre na comunidade local, que crie laços com pessoas e grupos significativos, que traga os pais para o colégio, que abra seus espaços para atividades de lazer e culturais, principalmente nos fins de semana e nas férias. E a página na Internet pode ser um espaço privilegiado de informação e de comunicação. Não basta só informar quais atividades existem, mas criar caminhos de comunicação, principalmente através de e-mail, listas de discussão[3], fóruns[4] e chats[5].
Num terceiro nível, a página da escola focaliza diretamente os professores, os alunos e os funcionários, isto é, a comunidade de ensino-aprendizagem. Há áreas de informação e de comunicação. De informação, são importantes a Biblioteca Virtual, com bases de dados com livros digitalizados, artigos, endereços na Internet, comentados, banco de imagens e sons.
Cada professor pode ter uma página pessoal com suas disciplinas, atividades, projetos e materiais específicos. Pode haver também áreas de comunicação como listas de discussão, fóruns e chats.
Os alunos têm acesso à Biblioteca Virtual, onde há também atividades e projetos relacionados à série em que se encontram e a cada área de aprendizagem. Geralmente a área do aluno na Internet é dividida por níveis: educação infantil, primeira a quarta série, quinta a oitava, ensino médio.
Em cada série há uma área para acesso a materiais de cada professor, a comunicação com professores e até plantão de dúvidas (atendimento on-line). Os alunos também podem divulgar suas produções principais: pesquisas, projetos, visitas. Os alunos também podem comunicar-se por e-mail, listas de discussão, chats com professores e com outros colegas.

Pedagogia da gestão pedagógica
Cada escola tem uma situação concreta, que interfere em um processo de gestão com tecnologias. Se atende a uma comunidade de classe alta ou de periferia, mesmo com os mesmos princípios pedagógicos, terá que adaptar o seu projeto de gestão a sua realidade.
Na implantação de tecnologias o primeiro passo é garantir o acesso. Que as tecnologias cheguem à escola, que estejam fisicamente presentes ou que professores, alunos e comunidade possam estar conectados. Mesmo ainda distantes do ideal temos avançado bastante nos últimos anos na informatização das escolas. Mas a demanda por novos laboratórios, por conexões mais rápidas, por novos programas é incessante e isso deixa também amedrontado o gestor, porque não sabe se o investimento vale a pena diante da rapidez com que surgem novas soluções ou atualizações tecnológicas. Neste campo não convém ir na última moda (a última versão sempre é a mais cara e uma semelhante, um mínimo inferior, costuma custar muito menos) nem esperar muito, porque já estamos atrasados nos processos de informatização escolar.
O segundo passo na gestão tecnológica é o domínio técnico. É a capacitação para saber usar, é a destreza que se adquire com a prática. Se o professor só toca no computador uma vez por semana demorará muito mais para dominá-lo que se tivesse um computador sempre a disposição dele.
O terceiro passo é o do domínio pedagógico e gerencial. O que podemos fazer com essas tecnologias para facilitar o processo de aprendizagem, para que alunos, professores e pais acessem mais facilmente as informações pertinentes. Nesta etapa costumamos utilizar as tecnologias como facilitação do que já fazíamos antes. Por exemplo: se fazíamos a ficha de cada aluno manualmente, agora adquirimos um programa que automatiza o registro desse aluno e o acesso a essas informações a qualquer momento. É um avanço, mas ainda estamos fazendo as mesmas coisas que antes, só de uma forma mais fácil.
O quarto passo é o das soluções inovadoras que seriam impossíveis sem essas novas tecnologias. No exemplo anterior, com a Internet, podemos não só facilitar o registro do aluno, mas o acesso remoto, o acesso do pai às notas dos alunos, a comunicação de alunos de várias escolas do mundo inteiro, a integração telemática dos pais e da comunidade na escola ou da escola em várias comunidades. A integração da gestão administrativa e pedagógica se faz de forma muito mais ampla com os computadores conectados em redes.

Bibliografia
AZEVÊDO, Wilson. A vanguarda (tecnológica) do atraso (pedagógico): impressões de um educador online a partir do uso de ferramentas de courseware. Disponível em . Acesso em: 18/01/2003.
_______________. Comunidades virtuais precisam de animadores da inteligência coletiva: entrevista concedida ao portal da UVB (Universidade Virtual Brasileira). Disponível em: . Acesso em: 04/12/2002.
BELLONI, Maria Luisa. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 1999.
MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 7a ed. São Paulo: Papirus, 2003.
PALLOFF, Rena M. & PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço – Estratégias eficientes para salas de aula on-line. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
SILVA, Marcos (Org.). Educação Online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003.

A gestão de novas tecnologias na escola pública

Os problemas de gestão têm acompanhado a inserção de novos artefatos na escola desde as experiências iniciais com o rádio educativo, na primeira metade do século passado (Cuban, 1986). Este conjunto de problemas tem sido acentuado com a complexidade das tecnologias da informática. As máquinas e os softwares têm apresentado um ritmo veloz de mudanças, que as redes públicas de educação fundamental e média e as faculdades de formação de professores não tem tido condições de acompanhar.

O setor público de países em desenvolvimento tem tido dificuldades para modificar ou criar novas estruturas administrativas em educação, tanto pela restrição de recursos financeiros como pelas amarras legais referentes a situação funcional de professores, contratação de pessoal especializado, aquisição de novos materiais.

Freitas (1992), no contexto de Portugal, há quase uma década, colocava como “missão quase impossível" (p.28), enquadrar a riqueza das novas tecnologias na complexidade do sistema educativo. Teodoro (1992, p.19) no mesmo contexto, expressava opinião parecida, afirmando que a escola de massas não tem lugar para a atividade dos alunos que envolva recursos tipo laboratórios e computadores.

Cysneiros (1998), ao abordar a introdução da informática em escolas do Brasil, também apontava problemas sérios para assimilação das novas tecnologias pela escola pública de países em desenvolvimento.

Kenski (2000) também acredita que o principal desafio para a introdução das novas tecnologias nas instituições educacionais diz respeito à gestão e que as dificuldades não são poucas nem simples. A gestão não apenas dos aspectos administrativos, financeiros, contábeis e de recursos humanos (algo que considero como obstáculos formidáveis nas redes públicas). Para Kenski, os problemas de gestão referem-se principalmente às necessidades de reestruturação da instituição escolar, apontando os problemas resultantes da nova lógica de ensino com novas tecnologias. Para ela, algumas dificuldades "... são como verdadeiros nós, que interferem, prejudicam e reorientam toda as predisposições (sejam de ordem filosófica, metodológica, política ou administrativa) ligadas à integração das novas tecnologias no processo de ensino."

A autora cita o déficit telefônico existente no país e a ausência de condições mínimas de infra-estrutura, em muitas localidades, que impossibilitam até a utilização regular dos sistemas telefônicos para as comunicações interpessoais tradicionais. Com a privatização das companhias telefônicas brasileiras, não foram definidas formas viáveis de subsídios para escolas manterem conexões às redes, para a transmissão de sons, imagens e dados a baixo custo.

Existem acentuados contrastes entre as escolas particulares de boa qualidade, existentes em todas as grandes e médias cidades brasileiras e aquelas das redes públicas. As escolas particulares têm absorvido muito bem as novas tecnologias, repassando os custos aos pais de sua clientela, constituída de alunos das classes média e alta. Assim, em educação o agravamento das disparidades continua, no contexto de globalização, onde teóricos como Pierre Lévy (1999) vem quase que exclusivamente aspectos positivos das novas tecnologias. A situação de disparidades é mais agravante nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde é precário o uso de computadores, TV e vídeo. A grande maioria das escolas públicas não possui sequer um telefone, as instalações físicas são precárias, os professores recebem baixos salários e apresentam muitas lacunas no conhecimento das disciplinas que ensinam.

Os laboratórios de computadores do projeto ProInfo, com vinte máquinas em média, começaram a chegar às escolas públicas em meados de 1999. Um ano depois, o funcionamento de tais laboratórios é parcial, as redes Windows NT são mal utilizadas, poucas escolas têm ligação com a Internet e poucos professores trabalham conteúdos curriculares utilizando computadores. Em algumas escolas tem sido implementadas experiências com Pedagogia de Projetos, explorando temas ligados a problemas locais (lixo, preservação ambiental) e a eventos históricos, porém tais experiências não são generalizadas e não chegam a ocupar intensivamente os equipamentos existentes.

Políticas Públicas para Novas Tecnologias na Educação

Por outro lado, o Brasil tem avançado no tocante à pesquisa universitária e às políticas públicas na área. Desde meados da década de oitenta, existem políticas públicas bem definidas sobre a introdução de novas tecnologias na educação.

O Projeto Educom, lançado em 1983 em cinco universidades públicas, priorizou a pesquisa sobre
computadores na educação (Andrade & Lima, 1993; Moraes, 1997). Os centros-piloto do Educom, em cinco estados brasileiros, foram projetos experimentais, interdisciplinares, implantados em algumas escolas públicas. A principal contribuição do Educom foi a formação de recursos humanos, tanto professores de primeiro e segundo graus nas redes públicas, como na própria universidade, na época bolsistas de pesquisa e alunos de cursos de pós-graduação que fizeram parte das equipes de pesquisa.

Atualmente, o projeto federal de maior destaque é o ProInfo, em implantação desde 1997, tendo instalado mais de 200 Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs), em 27 estados brasileiros. Os NTEs estãopreparando os professores das seis mil escolas que receberão cerca de cem mil computadores. Também pretendem oferecer suporte para o desenvolvimento de culturas de uso da novas tecnologias nas escolas beneficiadas (http://www.proinfo.gov.br).

Existem grupos de pesquisa em mais de uma dezena de universidades, tem ocorrido congressos
especializados anuais em várias regiões do Brasil e existem grupos de interesse em Informática Educativa ligados a sociedades científicas, destacando-se o grupo da Sociedade Brasileira de Computação (SBCSBIE), que edita a Revista Brasileira de Informática na Educação (http://www.inf.ufsc.br/sbc-ie/revista/).

Outro grupo com muita atividade no Brasil é a rede internacional Kidlink, ligando adolescentes e professores de todo o mundo através da Internet (Lucena, 1997; http://venus.rdc.puc-rio.br/kids/kidlink/).

Existem também numerosas empresas que oferecem serviços a escolas particulares, tendo atuado em poucas escolas de redes públicas. Tais empresas vêm implantando projetos de Informática Educativa, treinando professores e oferecendo acompanhamento e consultoria permanente. As empresas têm produzido software educativo em boa quantidade (ferramentas de autoria e programas para conteúdos específicos), uma atividade que vem crescendo muito à partir do lançamento do ProInfo.

Na área de formação de recursos humanos, além dos cursos de especialização, várias universidades brasileiras vem oferecendo programas de pós-graduação com linhas de pesquisa em Informática na Educação, destacando-se os programas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

O Espaço Físico das Novas Tecnologias na Escola
Um dos primeiros pontos referentes à gestão é a adequação de espaços escolares para a atividade pedagógica com as novas tecnologias, cujas decisões são geralmente relegadas a técnicos ou a uma ou duas pessoas da instituição, sem o crivo da discussão pelos que fazem a escola. Os resultados de decisões boas ou ruins serão vividos todo dia, talvez durante anos, nos prédios utilizados por alunos, professores e funcionários. Espaços mal-planejados tem maiores conseqüências nas pré-escola e nas séries iniciais, quando as crianças necessitam de maior movimentação e sofrem mais as conseqüências de condições ambientais precárias.

Dependendo do projeto, uma mesma área e orçamento podem resultar em espaços mais adequados, ou não, para a atividade pedagógica com as novas tecnologias. É importante evitar a improvisação, que quase sempre resulta numa "Arquitetura Frankenstein".
A arquitetura não tem recebido a devida importância nos projetos de Informática e de ambientes para uso da televisão, do vídeo e outras tecnologias na escola. Há salas de aula recém construídas com apenas uma tomada elétrica, localizada num ponto que dificulta o uso de um simples gravador.

Quanto ao mobiliário, como parte do espaço físico, encontramos em escolas mesas frágeis e baratas, para computadores de escritórios ou uso doméstico. São móveis sem espaço para trabalho com um caderno ou livro. É desejável um espaço de aproximadamente um metro e meio entre uma máquina e outra, possibilitando o trabalho em dupla de alunos em atividades com livros, cadernos e outros materiais, além do manejo do mouse e da atenção à tela do computador.

Gestão das Novas Tecnologias no Cotidiano da Escola
Uma gestão eficiente das tecnologias nas escolas públicas pode ser facilitada pelo movimento atual de descentralização da administração educacional, de autonomia da escola e menos passividade nas relações com administradores de redes públicas, de busca de soluções locais para problemas locais.

Não é fácil manter uma sala de computadores funcionando de modo contínuo em uma escola pública. É necessário uma infra-estrutura bem pensada de gerenciamento e de manutenção das máquinas, para que funcionem bem de manhã à noite, durante toda a semana e todo o ano, especialmente quando passar o efeito da novidade.

A história de outras tecnologias na escola, especialmente a TV e o vídeo, demonstra que gerenciamento e manutenção são dois problemas cruciais: os equipamentos tendem a ficar ociosos a maior parte do tempo, se estragam, são roubados, ficam obsoletos.

A previsão de uso intensivo dos computadores é fundamental. O uso intensivo condicionará determinados aspectos da arquitetura e do funcionamento da sala: o ambiente deverá possuir mobiliário resistente, especialmente as bancadas, e a sala localizada em uma parte do prédio que facilite o fluxo contínuo de pessoas. O uso contínuo não danifica os equipamentos, mesmo que as pessoas não tenham experiência com computadores. Deve-se apenas ter cuidado para que não ocorram danos físicos, resultantes de quedas, água, fogo ou outra causa ambiental.



Gestão compartilhada das Novas Tecnologias na Escola
Uma recurso para que a escola assimile as novas tecnologias é a constituição de uma Comissão Gestora de Tecnologias. O funcionamento contínuo e organizado da sala de computadores deverá ser a meta inicial a ser perseguida, no espírito de exploração máxima da garantia e de beneficiamento da comunidade escolar.

Uma comissão com várias pessoas evita que o laboratório se torne domínio de um administrador ou de algum professor. É desejável a participação do diretor ou do diretor adjunto da escola, de um ou dois professores de cada turno, de um representante da comunidade (de alguma associação do bairro ou empresa que colabore com a escola, quando houver); dos pais; de um representante dos alunos monitores de informática (quando houver); de um funcionário da administração da escola. O perfil da Comissão Gestora dependerá de cada escola, no espírito de uma experiência nova. Sua composição dependerá do número de alunos e de turnos da escola, das pessoas disponíveis. Deve prevalecer o bom senso e se ter em mente que uma comissão muito grande dificilmente funciona bem.

Devem ser escolhidos, pela própria Comissão, em sintonia com a direção da escola, um coordenador geral e Coordenadores de Tecnologias para cada turno, pois não existe grupo que funcione bem sem um responsável. É ideal que o Coordenador da Comissão também seja coordenador em um dos turnos, para que vivencie o cotidiano das novas tecnologias na escola. Tais tarefas poderão ser rotativas, para que ninguém seja sobrecarregado.

A formalização funcional da Comissão, com direitos e deveres, deverá ser feita após um período inicial de experimentação, evitando-se uma burocratização prematura da experiência. Idealmente, a escola deveria ter uma pessoa com formação especializada, um educador de apoio para tecnologias, ligado à Comissão.

A participação de pessoas que trabalhem em todos os turnos é essencial, para se minimizar a síndrome da sala fechada: um problema comum nas escolas que possuem computadores é a não utilização do laboratório em um determinado dia ou horário porque o detentor da chave da sala não está presente no recinto escolar.

Também é necessário, em cada turno, alguém para conferir registros de uso e de manutenção, atender prestadores de serviço, comunicar-se com o coordenador da Comissão e com a diretoria da escola, etc. Se a escola estiver ligada à Internet, pode ser criada uma lista fechada com os membros da Comissão, que poderão tomar decisões e se manterem informados através do correio eletrônico.

Caso a escola tenha uma história de gestão compartilhada, certamente será mais fácil a constituição de uma Comissão Gestora de Tecnologias, que deverá funcionar em sintonia com a Conselho Escolar. A meta comum será a materialização de um projeto pedagógico, no qual o uso de computadores e outras tecnologias deverá se inserir, para um ensino de qualidade.

Para se conseguir o uso intensivo dos equipamentos, é necessário um registro do funcionamento do laboratório. Sempre que a sala for utilizada, deve ser registrado o dia e horário de uso, o nome do professor ou professores responsáveis, os alunos monitores que atuaram, etc. No final do mês, tais registros serão avaliados. Poderão ser detectados os dias e horários em que os equipamentos não estiverem sendo usados, estudando-se maneiras de preencher os períodos vagos.

A mesma estratégia de registro será seguida no tocante à manutenção. Talvez a única certeza, quando se lida com máquinas, é que elas quebram quando menos se espera e um serviço eficiente de solução dos problemas é essencial para o uso intensivo. É útil um registro permanente da data, tipo de defeito e identificação da máquina, da data da chamada da garantia (quando houver) e da data e solução satisfatória (ou não) do problema.

Além das tarefas acima, existem os problemas de manutenção do ambiente, geralmente a cargo da direção da escola, que deverá ser ajudada pela Comissão Gestora: fiscalização e treino dos funcionários responsáveis pela limpeza da sala após cada turno, limpeza semanal dos filtros de ar condicionado e das bancadas, troca de lâmpadas, conserto de janelas e portas, pintura, controle do material de consumo, vistoria do teto do laboratório antes do início de cada inverno, segurança e acesso nos fins de semana, etc. Um trabalho conjunto com a direção da escola também será necessário para se resolver problemas disciplinares com alunos, conflitos entre professores e outros usuários, controlar a legalidade do software instalado nas máquinas, conferir periodicamente os equipamentos, manter contatos com a comunidade, etc.

O trabalho coletivo, organizado, também é essencial para o apoio tecnológico à pedagogia de projetos. A literatura corrente tem enfatizado o potencial educativo de projetos, da interdisciplinaridade, dos temas transversais, disseminados nas escolas através dos PCNs e de outras políticas públicas. As atividades centradas em torno de projetos podem se prolongar durante um semestre inteiro, envolvendo toda a escola.

A infra-estrutura tecnológica, hoje em grande parte baseada em computadores, câmeras de vídeo,
gravadores e outros materiais, quase sempre é esquecida. As discussões e decisões pela Comissão Gestora, sobre os requisitos para a operacionalização de projetos selecionados para o semestre será algo muito importante.

Alunos Monitores de Novas Tecnologias na Escola
Realizar atividades pedagógicas em uma sala cheia de computadores, com um ou dois alunos por máquina, não é tarefa fácil. As turmas são muitas, cada uma com um número de alunos bem maior do que o número de equipamentos. São muitas disciplinas e muitos professores, cada um com níveis diversos de experiência com a tecnologia, especialmente nos primeiros anos de uso de computadores na escola.

As máquinas ocupam muito espaço e estão próximas umas das outras. O espaço de cada aluno (ou dupla), é preenchido pelo teclado e pelo mouse e quase não há lugar nas bancadas para se fazer anotações ou usar outros materiais. O uso de papel ainda é necessário, pois o aluno não dispõe de computadores todo o tempo.

Além de dedicar sua atenção à aula, o professor terá que se desdobrar para atender a problemas de manejo dos computadores. A aula representa uma quebra na rotina de uma sala comum, especialmente porque serão relativamente poucas as atividades, para cada aluno, com este novo recurso na escola.

No início, os alunos tendem a distrair-se mais com os computadores do que a usá-los como recurso pedagógico, pois o efeito da novidade é muito grande e é natural um certo período de exploração da tecnologia. Neste período inicial, os professores deverão ser tolerantes consigo próprios e com os alunos, sabendo que o rendimento não será o ideal. Isso é natural quando se trabalha com qualquer tecnologia nova.

É necessário que os alunos aprendam um mínimo de manejo da máquina: lidar com um mouse, desenvolver certa destreza com o teclado, executar procedimentos para iniciar a atividade com um determinado software e procedimentos finais para fechamento da atividade.

Um recurso valioso, disponível na própria sala de aula, são os alunos que têm algum conhecimento do manejo de computadores e que podem ajudar o professor e os colegas na nova sala de aula informatizada.

Porém o trabalho continuado com alunos monitores, com turmas e em turnos diferentes, em várias
disciplinas, com professores e assuntos diversos, é algo que exige planejamento, preparação de todos e um período de implantação e de ajuste para que o sistema funcione a contento. A preparação dos monitores é essencial, com divisão de tarefas entre eles e conhecimento prévio das atividades a serem desenvolvidas com computadores. A experiência com alunos monitores terá um caráter educativo, pois ensinando é que se aprende. Eles desenvolverão habilidades de ensino com novas tecnologias e certamente alguns deles serão professores no futuro.
Os alunos monitores serão importantes como elementos de comunicação entre as várias disciplinas de uma mesma turma e na comunicação dos colegas com os professores. A pesquisa sobre Aprendizagem Colaborativa tem demonstrado que pessoas com objetivos comuns, mais ou menos no mesmo nível de desenvolvimento, de conhecimento e de status (situações de simetria), desenvolvem atividades de aprendizagem mais ricas do que aquelas em situações assimétricas (professor x aluno, por exemplo).

A função de monitor não deverá interferir com as atividades de estudo, mas sim contribuir para torná-lo um aluno melhor. Portanto, no início ele não deverá atuar no horário de outras aulas. Sua atividade será na própria turma, enquanto estiver usando o laboratório com seus colegas.

Os alunos monitores também poderão oferecer aulas de microinformática para professores, alunos e pessoas da comunidade, em horário fora do seu turno ou nos fins de semana. O trabalho pedagógico com televisão e vídeo integrados ao uso de computadores, também poderá fazer parte das atividades de monitoria.

Uso Pedagógico de Ferramentas de Software

Uma das primeiras etapas na assimilação de computadores pelas escola é o domínio de software comuns a qualquer atividade, sempre que possível dirigindo-os para as características e necessidades da escola.
As ferramentas universais de software, especialmente o Windows e pacotes tipo Office, dirigidos para o mercado de escritórios, tem sido minimizadas ou ignoradas por educadores e especialistas na área, tanto em relação à pertinência de sua exploração pedagógica como a metodologias de ensino, ficando a impressão que sua apropriação é algo fácil.

Ao se deparar com novas máquinas e software, consciente dos perigos de uma atitude de deslumbramento, o educador deverá ter como meta apropriar-se de tais objetos para que sejam instrumentos de crescimento do aluno, de melhoria da escola e de sua atividade pedagógica, explorando vantagens mas também suas limitações e reduções.

Um bom começo é problematizar os significados de Office, Word, PowerPoint, Excel, Access e outros termos estranhos, pois a semântica de tais ferramentas é inseparável da língua inglesa. Por exemplo, a palavra Excel pode ser intuitivamente percebida por falantes de inglês como um nome genérico da célula: X-Cel, (éks-cel) célula xis. Representa-se uma incógnita com xis, o fator desconhecido, a ser equacionado (o xis da questão). O verbo Excel também significa ser melhor, algo extremamente bom (Veja uma análise mais detalhada em Cysneiros, 2000b). O educador pode sugerir que os alunos consultem dicionários, conversem com nativos da língua e com o professor de inglês da escola (avisando-o antes e ajudando-o num espírito interdisciplinar, pois não é tarefa fácil).
O mesmo exercício pode ser feito com os ícones que inundam as interfaces das ferramentas. São botões virtuais de enorme variedade, misturas de letras e desenhos esquemáticos de objetos comuns. Muitos ícones são analogias universais (setas, pincéis, tesouras, lupas, roscas, rodas dentadas, envelopes, impressoras, disquetes, folhas de papel). Exercícios com tais materiais tem um caráter educativo mais amplo, pois são símbolos que estão praticamente em qualquer máquina da sociedade pós-moderna, nos manuais, nos ambientes de trabalho, assumindo um caráter universal intuitivo. O uso de menus de ajuda pode ser ensinado desde os primeiros contatos com qualquer software, explorando-os no planejamento de aulas, complementando-os, inserindo-os na metodologia. As ajudas, hoje existentes em qualquer software, podem diminuir a dependência de livros e apostilas e contribuir para a autonomia do aprendiz. São na maior parte textos prescritivos, sugerindo ações quando se tem um problema, embora a qualidade deles normalmente deixe muito a desejar, pois não foram testados com nossos usuários. Ademais, não adianta muito ter textos de ajuda em papel, pois o aprendiz nem sempre os terá ao lado quando deles precisar.

Procurando apropriar-se cada vez mais das ferramentas, os professores, individualmente e nos Grupos de Interesse, poderão esmiuçar os vários menus e comandos, pois são labirintos pedagogicamente inexplorados.

Anotações poderão ser feitas durante as aulas, por professores e alunos, em arquivos pessoais tipo rascunho. O objetivo é começar, devagar, a caminhada em direção a um modo quase sem papel de trabalho com computadores, menos oneroso para a escola e mais útil para o próprio aprendiz. Assim, os alunos estarão vivenciando a informática, não apenas ouvindo, lendo, seguindo instruções de software nem sempre de boa qualidade, apesar de aparências vistosas.

A gestão também é importante no uso das próprias máquinas. Para isso princípios simples de organização de bases de dados coletivas devem ser pensados. Poderão ser ensinados bons hábitos de nomeação de arquivos, de organização de disquetes e cópias de segurança, que tendem a se multiplicar, tornando difícil sua atualização. Tais ações necessitarão de repetição e poderão ser vivenciadas e aperfeiçoadas durante o ano escolar, para que sejam efetivamente aprendidas.

Também merece reflexão a atitude de uso descontrolado de materiais de consumo, especialmente os caros cartuchos de impressora, pensados para sociedades do primeiro mundo que esbanjam os recursos naturais do planeta. A confecção rotineira de cópias de segurança é outro hábito a ser praticado desde o primeiro contato com um computador. Quase todo mundo já passou pela experiência de perder algo importante, por não ter desenvolvido o hábito de fazer cópias de segurança.

O aprendizado de digitação poderá ser praticado em horários vagos do laboratório, com a ajuda de alunos monitores e o uso de bons programas para tal fim, disponíveis no mercado. Usos pedagógicos da Internet também devem ser pensados com cuidado e anteriormente planejados, evitando-se perda de tempo e explorações sem sentido, que confundem mais do que educam.

Usando uma metáfora espacial, nenhum educador deixaria uma criança a sós em uma grande metrópole.

Endereços e sites devem ser explorados antes, fazendo parte do arquivo do professor ou do Grupo de Interesse, com recomendações de uso. Técnicas de exploração e de navegação também podem ser ensinadas, no mesmo espírito de desenvolvimento de bons hábitos e de apropriação crítica da nova tecnologia.

Capacitação de Professores para uso de Novas Tecnologias

Administradores educacionais tem se queixado, no sentido que os professores não utilizam as tecnologias disponíveis na escola. São comentários do tipo "professor é muito conservador", "tem medo de mudar", ou "usa o vídeo ou o computador em casa, mas não na escola"... Considero reducionista, até mesmo injusta, a atitude de responsabilizar os professores pelo atraso tecnológico do ato de ensinar. Por que outros profissionais inserem facilmente, sem traumas, novas ferramentas nas suas atividades?

Uma das causas é que computadores pessoais ainda são tecnologias em mutação, relativamente novas na cultura, pouco adaptadas às necessidades do professor e do aluno, especialmente nas nossas escolas públicas. Outra conjunto de causas, relevantes é a ausência de infra-estrutura material, de gestão e de pessoal de apoio nas escolas (Cysneiros, 2000).

O ideal é que o professor aprenda a lidar com as TI durante sua formação regular, em disciplinas mais ou menos com os nomes de "Tecnologia Educacional" ou "Tecnologias da Informação na Educação" e de modo mas detalhado nas didáticas de conteúdos específicos. Algumas faculdades já oferecem tais disciplinas, porém ainda demorará alguns anos para que haja uma atualização das didáticas, adequando-as à tecnologia que o professor irá encontrar nas escolas.

Não esperemos que todos os professores de uma escola utilizem novas tecnologias nas suas aulas. Aliás, não se deve esperar homogeneidade ou adesão de todos em nada e em nenhum lugar.

Grupos de Interesse em Novas Tecnologias na Escola

O professor deverá explorar as novas tecnologias com ênfase no conteúdo, não na ferramenta, com o apoio de seus parceiros, em grupos físicos ou virtuais de interesse (GIs). Um GI será formado por professores que possuam experiência de ensino em uma área específica do currículo, implicando a existência de uma certa identidade profissional e pessoal comum a seus membros: linguagem, formação, problemas pedagógicos, estratégias de avaliação e solução de problemas, socialização entre pares. Em suma, histórias de vida pessoal e profissional com muitas semelhanças. Haverá assim um potencial para socialização de conhecimentos, para aprendizagem colaborativa.

Um GI tem a vantagem do suporte social, algo fundamental em qualquer grupo, tendo subjacente experiências comuns de enfoques teóricos, metodologias, linguagens de comunicação e perspectivas que muitas vezes são restritas aos seus membros. Um bom exemplo de uma comunidade já existente é a área de ensino de Matemática, com associações, reuniões e publicações dirigidas para seus membros. Além da comunicação em tempos e espaços reais, os participantes de um GI poderão comunicar-se, quando houver infra-estrutura suficiente, através de computadores. Uma vez estabelecido um GI, poderão ser feitas capacitações dirigidas para as necessidades do grupo. Por exemplo, um curso de exploração dos recursos e usos pedagógicos de planilhas eletrônicas, para os GIs de Matemática e de Ciências; ou de um processador de textos para os GI de Língua Portuguesa e de Ciências Sociais.

Deverão ser discutidos o uso regular de ferramentas de software no cotidiano da escola, com também a exploração de software educativos, e mesmo construção de software por pessoas do próprio GI, nascidos com o suporte de outros membros, nas condições e em função das necessidades do grupo.

Os Grupos de Interesse certamente passarão por fases de desenvolvimento. Poderão ser iniciados com um número reduzido de profissionais, atingindo, com o tempo, um número médio razoável de membros ativos, com entrada e saída contínua de novas pessoas, especialmente na lista virtual. Deverá haver um pequeno núcleo permanente, mais ativo, e uma parte flutuante de reunião para reunião. Existirão participantes, ou observadores, que raramente farão parte de reuniões reais, devido à distância física ou grau de envolvimento com a área de interesse. Este fluxo deverá ser encarado como sinal de vitalidade do grupo.

Referências
Andrade, Pedro F. & Albuquerque Lima, Mª Candida (1993). Projeto EDUCOM. Brasília, MEC/OEA.
Cuban, Larry (1986). Teachers and Machines: The Classroom use of Technology Since 1920. NY, Teachers College Press.
Cysneiros, Paulo G. (1998). Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora? Revista Informática Educativa (Bogotá, Colombia, Universidad de los Andres). Vol. 12, n.1, Mayo 1999, pp. 11-24.
Cysneiros, Paulo G. (2000). Iniciação à Informática na Perspectiva do Educador. Revista Brasileira de Informática na Educação (Brasil, UFSC), n. 07, Setembro de 2000.
Freitas, João C. (1992). As NTIC na Educação: Esboço para um Quadro Global. em V.D. Teodoro & J.C. Freitas, (orgs.). Educação e Computadores. Lisboa, Min de Educação/GEP.
Lévy, Pierre (1999). Cibercultura. SP, Editora 34. Kenski, Vani M. (2000). As Novas Tecnologias de Comunicação e Informação e as Mudanças Necessárias nas Instituições Educacionais. São Paulo, Faculdade de Educação da USP (texto não publicado).
Lucena, Marisa (1997). Um Modelo de Escola Aberta na Internet. RJ, Brasport (www.kidlink.org/).
Moraes, Mª Candida (1997). Informática Educativa no Brasil: Uma história vivida, algumas lições aprendidas. Revista Brasileira de Informática na Educação.(SBC-IE, UFSC), n. 01, setembro 1997, pp.19-44.
Teodoro, Vitor D. (1992). Educação e Computadores. Lisboa,Min da Educação/GEP.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Enquete

Qual a principal entrave para a incorporação das novas tecnologias no cotidiano das salas de aula das escolas públicas?

a) A falta de uma formação do professor.

b) A falta de condições mínimas de infra-estrutura (falta de conectividade, máquinas sucateadas e espaços précarios).